segunda-feira, 23 de abril de 2012

SETE HÁBITOS PARA OUVIR O CORAÇÃO

Paul Pearsall, Ph.D.



Pierre Teilhard de Chardin escreveu: “Os males de que estamos sofrendo tiveram sua base na própria criação do pensamento humano”. As palavras dele refletem os perigos de um mundo dominado por um cérebro insensível que parece dizer “Eu sou tudo”, enquanto o coração, freqüentemente menosprezado, diz: “Sem todos os outros não sou nada”. 


As sete orientações da cardiocontemplação comentadas abaixo são maneiras através das quais poderemos fazer com que a Mente, constituída de cérebro, coração e corpo, nos auxilie a propiciar a significação e o equilíbrio para o trabalho do cérebro. Assim fazendo poderemos estar mais aptos a seguir a sugestão de Thoreau: “Se construístes castelos no ar, não há razão para julgardes perdido vosso trabalho. Colocai agora o alicerce sob eles”. 


Como um sumário do processo de sintonização do código do coração e das memórias que ele transmite, segue-se uma recapitulação de algumas das sugestões feitas neste livro sobre a cardiocontemplação e o contato com o código do coração. 


1. Aquiete-se
Para entrar em sintonia com o coração é necessário diminuir o ritmo da vida diária, sentar-se e acalmar-se. Você não precisa assumir qualquer posição corporal específica, mas é necessário ficar suficientemente tranqüilo e silencioso para se conscientizar plenamente do momento presente, em vez de preparar-se para o momento seguinte ou preocupar-se com um momento passado não aproveitado. Mestre Eckhart, místico cristão do século 13, disse: “Em toda a criação não há nada que se assemelhe tanto a Deus como o silêncio”. Fique imóvel, pare de pensar, não recorra a nenhuma tática ou técnica especial. Basta ficar imóvel durante alguns instantes. Uma maneira de conseguir fazer isto é respirar profundamente e suspirar. 


2. Não leve as coisas tão a sério
Alguém disse uma vez que a pessoa comum não se julga assim. Não se leve tão a sério. Você está longe de ser tão poderoso ou de estar no controle das coisas como seu cérebro acha que está ou tem de estar. A maioria dos problemas, realizações e preocupações que experimentamos em determinados momentos é transitória e tem pouquíssima relevância no plano geral da nossa vida. Um coração pode tornar-se abatido tanto espiritualmente quanto em termos das mudanças fisiológicas que normalmente acompanham os encargos de um cérebro inexorável. Não nos esqueçamos da perspicácia do escritor inglês G. K. Chesterton: “Os anjos voam porque dão a si mesmos uma leve importância”.


3. Cale-se
Pare de falar, não fale nem mesmo com você. É uma resolução muito difícil, pois o cérebro está sempre tagarelando sobre suas quatro atitudes básicas: alimento (como conseguir mais comida), luta (como proteger seu território), fuga (como se deslocar para outro lugar) e sexo (como obter prazer físico intenso e imediato). Experimente não dar atenção ao seu cérebro por um certo espaço de tempo e deixe-o falando consigo. Tente deixar seu “observador oculto”, aquela parte de você que está sempre alerta até mesmo quando o cérebro está em repouso, ficar de olho nas coisas enquanto você descansa. Agir menos e falar menos é geralmente bom para a saúde mental, espiritual e física. Siga o conselho de Oscar Wilde: “Não falo com Deus para não entediá-lo”.


4. Produza ressonância 
A cardiocontemplação é uma forma de prece receptiva. Não significa pedir algo a um Poder Superior ou conversar com esse Poder, mas prestar atenção à força que existe no interior do coração, pois este tem profunda percepção da união do indivíduo com o Criador. Escreve o médico Larry Dossey: “Em sua forma mais simples, a prece é uma atitude do coração - uma questão de ser, não de agir. A prece é o desejo de unir-se ao Absoluto, seja este concebido como for. Quando experimentamos a necessidade de estabelecer essa união, estamos fazendo uma prece”.


5. Sinta 
Você compartilha sua energia informativa e memórias celulares com todos os sistemas no universo. Não se desligue do mundo à sua volta para sintonizar-se com seu coração. Em vez disso, fique profundamente atento e sinta com todos os seus sentidos sua ligação com as árvores, as flores, a água, ou qualquer outro sistema natural que o cerca.


6. Aprenda 
A cardiocontemplação significa aprender com o coração e "de cor"-ação. Quando dizemos que aprendemos alguma coisa “de cor”, geralmente queremos dizer que aprendemo-la bem e de maneira duradoura. Enquanto está imóvel, anime-se, guarde silêncio, produza ressonância e sinta, fique atento ao que o seu coração está lhe dizendo sobre a vida, o amor e o trabalho. Tente armazenar suas lições como memórias celulares a serem utilizadas futuramente, nos momentos estressantes da vida.


7. Ligue-se 
Tente transmitir as coisas aprendidas e a energia “V” equilibrada, alcançadas em estado cardiocontemplativo, ao mundo que o rodeia e fique receptivo à energia “V” que provém de outros corações. A cardiocontemplação é uma maneira profunda de tornar-se uma parte mais completa do mundo e de melhor ajudá-lo.


A fim de ajudar você a sobreviver, o cérebro talvez pense que não depende de ninguém no mundo, mas o coração sabe que nunca estamos realmente sós.


Para além da atenção que o coração a tudo dá, é provável que você esteja incessantemente mergulhado na energia “V” que emana de seu próprio coração como uma mensagem transmitida por todos os corações à sua volta. As pesquisas mostram que também é provável que outros corações estejam nos enviando energia informativa neste exato momento e que podemos nos tornar mais conscientes desse nível de interdependência de energia “V”.


* Energia V = energia do coração chamada à quinta força

Fonte:
Memória das Células - A Sabedoria e o Poder da Energia do Coração, Paul Pearsall, Ph.D.
Ed. Mercuryo, 1999, São Paulo, SP. Págs.: 219-236.

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